Entenda porque Sérgio Moro foi chamado de "Juiz Ladrão"




No último dia 2 de julho durante a sabatina do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, na Câmara dos Deputados sobre os vazamentos de conversas dele com os Procuradores da República, o que caracteriza conluio, o deputado federal Glauber Braga fez uma analogia com um juiz durante uma partida de futebol e exclamou: "O senhor entrará para a história como um juiz que se corrompeu, um juiz ladrão".

Isto gerou uma grande confusão que pôs fim a sessão na Câmara.

Vamos entender melhor o que deputado federal Glauber quis dizer:



Durante uma partida de futebol não é raro ouvir a torcida de determinado time, até mesmo os atletas mais exaltados afirmarem que o juiz roubou ou que o juiz foi ladrão.

Mas o que um juiz poderia usurpar numa partida de futebol?

Simples! O juiz rouba quando na sua atuação interfere nos resultados, favorecendo determinado time e prejudicando o time adversário.

Diante desta comparação, verificando as supostas conversas reveladas pelo site The Intercept Brasil há vários indícios de que o então juiz Sérgio Moro interferiu diretamente nos resultados o que culminou na condenação do ex-presidente Lula na Operação Lava-Jato.

Ao orientar o "caminho" que os procuradores deveriam seguir, o que deveriam falar, como deveriam interagir com a imprensa e inclusive apontar quem deveria estar presente na audiência de Lula, ficou evidente uma interferência preciosa do então juiz Sérgio Moro em favorecimento da acusação do Lula.

Os mais leigos poderiam então pensar:

É óbvio que o juiz deve interferir, pois é ele quem julga o caso, portanto, está nas mãos dele condenar ou absolver.


Errado! O juiz deve se utilizar das ferramentas provindas da acusação e da defesa, neste caso, os procuradores e os advogados respectivamente. São estes dois últimos que devem providenciar as justificativas legais (sem ajuda do juiz), nas quais o juiz deve se basear para então sentenciar ou inocentar o réu.

Voltando-se para a nossa analogia com uma partida de futebol, o juiz não pode, de forma alguma, falar ao pé do ouvido de determinado jogador se ele deve lançar a bola para a direita ou para a esquerda, marcar determinado adversário, chutar direto ao gol ou driblar, muito menos orientar ao técnico a substituir determinado jogador, que na sua opinião, não terá bom desempenho naquela partida.

Já pensou, se durante a cobrança de um pênalti o árbitro orientasse o atacante a chutar do lado esquerdo porque o goleiro tem o costume de pular sempre para o lado direito?

Se um árbitro agisse desta maneira, caracterizaria que ele "roubou" no resultado da partida e o time poderia anular a partida ou até mesmo reverter o resultado final naquilo que chamamos de "tapetão", ou seja, na Justiça Desportiva.



Diante disto, agora fica uma questão para você refletir. Analisando as conversas reveladas pelo The Intercept Brasil, será que Sérgio Moro não agiu da mesma forma que um age um juiz ladrão durante uma partida de futebol?

Não leve em consideração o time que você torce, mas sim, um jogo justo.

Levar em consideração a paixão pelo seu time é um tiro no pé, assim como o juiz roubou ontem em favor do seu time, amanhã os ventos podem mudar e o juiz roubará a favor do adversário prejudicando severamente o seu time.

Além disto, que graça teria torcer se já sabemos que o resultado independe da competência do time, mas sim do esquema montado pelo árbitro?

Isto culminaria para o fim do verdadeiro espírito do futebol.


Sendo bem claro, o que está em jogo não é o que você pensa sobre o Lula, independente se ele é ladrão ou inocente, todo cidadão merece passar por um julgamento justo e imparcial e ser sentenciado justamente caso venha a ser condenado, sem sentimentalismos ou paixões. Esta não é uma questão política, mas sim uma questão policial, pois se comprovada a autenticidade das conversas, trata-se de um crime cometido por um juiz.

Será que condenar Moro e Dallagnol significa inocentar Lula e por fim a Operação Lava-Jato?

É óbvio que não, Lula pode ficar livre sim por um tempo, mas isto não significa que não se possa fazer uma investigação justa sobre os supostos crimes dele, ser levado a julgamento e condenado novamente. Quanto a Lava-Jato, trata-se de uma operação do Ministério Público Federal, como muitas outras operações realizadas por esta instituição, a operação pode permanecer firme e forte nas mãos daqueles procuradores que almejam realizar um trabalho justo e imparcial afim de combater a verdadeira corrupção em todas as fontes independente de qualquer ideologia política ou potenciais vantagens ilícitas.

O risco de um julgamento com cartas marcadas põe em risco a credibilidade de todo o sistema judiciário. Que aliás é o único poder que nós ainda podíamos confiar, já que o executivo e legislativo evidenciaram-se claramente corrompidos.

A Justiça não é uma necessidade exclusiva do Lula ou daqueles que comentem um crime, ao olhar exclusivamente para este caso, parece que a justiça é algo distante da nossa realidade, mas na verdade qualquer um de nós já esteve ou ainda vai estar diante de um juiz, vai passar por uma audiência e aguardar uma decisão judicial em determinado momento. E o que todos querem é que esta decisão seja justa, favorável ou desfavorável não importa, mas justa. Isto vai deste a divisão justa de uma herança deixada por ente querido até a guarda de um filho(a) diante da separação dos pais.